Viver no Seu Tempo: campanha busca tornar acessível o congelamento de óvulos para quem deseja preservar a fertilidade

Ação é uma iniciativa do FertGroup para que as mulheres façam as pazes com o tempo ao promover autonomia e informação sobre a técnica de reprodução humana assistida

A medicina e a sociedade mudaram. Hoje vivemos mais e, por isso, temos mais tempo para realizar nossos desejos, seja uma mudança de carreira, um novo romance, um tempo para você, um novo curso, uma viagem incrível e, por que não, a maternidade? Se adiamos a vontade de ter filhos para conquistarmos tudo o que mais queríamos, isso não quer dizer que essa experiência ainda não possa ser incluída em nossa vida.

Todas essas questões e muitas outras estão contempladas na campanha “Viver no Seu Tempo”, idealizada pelo FertGroup, grupo de clínicas referência em medicina reprodutiva no Brasil e na América Latina, que busca informar mulheres sobre o procedimento e suas indicações, mas antes disso, sobre conhecer o seu corpo e a sua fertilidade. 

Em um mundo onde as mulheres têm cada vez mais opções para planejar suas vidas, a iniciativa surge como uma importante ferramenta para quem deseja equilibrar a carreira, os estudos ou outras prioridades pessoais, com a possibilidade de uma futura gestação. 

De acordo com um levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), houve um aumento de 76,3% no número de mulheres que passaram por ciclos de congelamento de óvulos no Brasil entre 2020 e 2023. 

No país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres têm engravidado cada vez mais tarde. Nos últimos 10 anos, notou-se um aumento de 63% no número de gestações na faixa etária que vai dos 35 aos 39 anos. 

“Esses dados refletem a importância da campanha, que se preocupa em explicar o processo de congelamento de forma clara, abordando questões como a idade, mudança de comportamento da sociedade, impactos da gravidez tardia e esclarecendo as principais dúvidas. Além disso, ‘Viver no Seu Tempo’ tem como um dos principais objetivos alertar as mulheres, que muitas vezes ainda chegam até nós com ‘idade mais avançada’, sem nenhuma informação sobre a quantidade e a qualidade dos óvulos, além dos danos que idade pode trazer”, afirma Maria Cecília Erthal, especialista em reprodução assistida do Vida Centro de Fertilidade, unidade do FertGroup no Rio de Janeiro. 

Porque congelar óvulos? Entenda a importância

O congelamento de óvulos é uma técnica indicada para mulheres que desejam adiar a maternidade, seja pela carreira, planejamento familiar a longo prazo, questões médicas ou pessoais. 

“Com o passar do tempo, a qualidade e a quantidade de óvulos começam a diminuir de forma mais significativa, especialmente a partir dos 35 anos. Nessa fase, a reserva ovariana tende a diminuir e os óvulos restantes podem apresentar maior risco de alterações genéticas, dificultando a concepção e aumentando as chances de complicações na gravidez. Por isso, orientamos que as mulheres procurem se consultar com um especialista em Reprodução Humana Assistida por volta dos 30 anos. Durante essa consulta, o profissional pode realizar exames para avaliar a reserva ovariana, como a dosagem do hormônio anti-mulleriano (AMH) e a contagem de folículos antrais (AFC). Com base nesses resultados, é possível elaborar um planejamento familiar personalizado, que pode incluir estratégias como o congelamento de óvulos para preservar a fertilidade futura”, explica. 

Dado esse declínio natural da saúde reprodutiva, mesmo que a gravidez seja um plano distante ou ainda inexistente, fazer um planejamento precoce possibilita que a maternidade venha a acontecer em algum momento. “Diferente dos homens, que produzem espermatozoides ao longo de toda a vida, perdendo apenas a qualidade, as mulheres nascem com todos os óvulos, aproximadamente dois milhões. Aos 37 anos, cerca de 90% desta quantidade já foi perdida”, pontua Maria Cecília Erthal. 

Essa avaliação é ainda mais essencial para mulheres com histórico familiar de menopausa precoce, quando ocorre antes dos 40 anos de idade, e com condições médicas como endometriose ou síndrome dos ovários policísticos (SOP). “Problemas de ovulação e tratamentos hormonais podem dificultar a gestação natural e prejudicar a fertilidade a longo prazo. Danos aos ovários causados por cistos, necessidade de cirurgias e inflamação pélvica crônica, também podem reduzir a reserva ovariana e a qualidade dos óvulos”, relata. 

“Outro ponto muito importante e ainda pouco discutido, é a oncofertilidade. A descoberta de um tumor e o tratamento que exige, principalmente de mama, durante a idade fértil pode ser um impeditivo de viver o sonho da maternidade. Por isso, buscamos sempre frisar sobre a necessidade de iniciar o acompanhamento da fertilidade entre os 25 e 30 anos, para que, caso haja o diagnóstico de câncer, seja possível montar um planejamento de forma multidisciplinar, considerando os desejos futuros dessa paciente”, conta a especialista.

Passo a passo: como é feito o congelamento de óvulos

Os especialistas inicialmente solicitam exames para avaliar a reserva ovariana e acompanhar o crescimento e a quantidade de folículos. Na sequência é feito um estímulo para amadurecê-los. O estímulo ovariano, feito com medicações, permite a captação da quantidade de óvulos que o ovário terá naquele mês, avaliado pela reserva ovariana, tendo em vista que o organismo disponibiliza um lote por mês de folículos. 

Durante cerca de dez dias, são aplicadas injeções hormonais de gonadotrofina na barriga para estimular o crescimento dos folículos ovarianos, com dosagem ajustada às necessidades da paciente. Durante o procedimento, que pode causar efeitos colaterais como dores de cabeça e inchaço abdominal, a mulher é monitorada por ultrassonografias até a definição da coleta dos óvulos. 

O próximo passo é a coleta dos óvulos, realizada com anestesia para conforto da paciente, que dura de 15 a 30 minutos. Os óvulos maduros são então avaliados e congelados no laboratório através de vitrificação, protegendo-os a temperaturas -196ºC dentro do nitrogênio líquido. 

Quando a mulher decide engravidar, os óvulos são descongelados e fecundados pelo espermatozoide, seja do parceiro ou de um doador, através da fertilização in vitro (FIV) e então os embriões resultantes são implantados no útero. 

Para aumentar as chances de sucesso, é recomendado congelar pelo menos 15 óvulos para mulheres até 35 anos, ajustando o número conforme a idade. “É válido ressaltar que o Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que a FIV ocorra até os 50 anos para minimizar complicações”, finaliza.

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