Estudo: fertilidade cai em quase todos os países e a taxa de reposição chega a 2,23. Área da Medicina Reprodutiva traz inovações

Inovações tecnológicas e aperfeiçoamento de técnicas permite maternidade mais tardia

A fertilidade está em queda, e o fenômeno não é de hoje. É o que comprova um estudo publicado na revista britânica The Lancet, que analisou as taxas de fertilidade no mundo e aponta que, até o ano de 2100, apenas 6 (3%) entre 204 países terão níveis sustentáveis de nascimentos para reposição sustentável da população – que é de 2,1 filhos por mulher. Atualmente, essa taxa está em 2,23. Em 1950, o índice era de 4,84.

“A entrada na mulher no mercado de trabalho, a partir da segunda metade do século passado, que só se intensificou, junto com as políticas de saúde reprodutiva, o aumento na renda e no acesso à informação, fez com que muitas delas adiassem a maternidade para primeiro alcançarem mais estabilidade, por exemplo, o que é muito positivo, a mulher ter autonomia para realizar o que quiser. Porém, sabe-se que a fertilidade é mais difícil após os 35 anos. Então, essa queda nas taxas em todo o mundo não apenas reflete mudanças demográficas significativas, mas também tem implicações profundas para a medicina reprodutiva”, explica o Dr. Edson Borges, Diretor Médico do FertGroup.

A boa notícia é que a ciência vem acompanhando esse fenômeno e, na medicina, o avanço do conhecimento da genética reprodutiva, o aperfeiçoamento de técnicas de fertilização in vitro (FIV) e diagnóstico pré-implantacional (avaliação de doenças através da análise do embrião), por exemplo, além do desenvolvimento de inovações tecnológicas, têm permitido realizar o sonho de mulheres em idades mais avançadas.

“A complexidade dos casos de infertilidade requer uma abordagem multidisciplinar, que integra especialistas em reprodução assistida, genética, psicologia e nutrição. Essa colaboração pode levar a abordagens mais eficazes e holísticas para o tratamento da infertilidade”, comenta.

Números confirmam tendência de aumento em reprodução assistida

O número de ciclos de fertilização in vitro para reprodução assistida no Brasil cresceu 32,72% em um ano, saltando de 34.623 procedimentos realizados em 2020 para 45.952 ciclos em 2021, segundo os dados mais recentes do SisEmbrio (Relatório de Produção de Embriões), divulgado anualmente pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O documento aponta também que,  nesse mesmo período, foram congelados mais de 202 mil embriões e cerca de 154 mil óvulos.

O Brasil é o líder na América Latina de procedimentos e a tendência é que esse segmento cresça. Conheça algumas inovações da área:

Davitri. Automatiza o congelamento de óvulos. O uso do aparelho permite maior eficiência no processo de congelamento, tendo como consequência um maior número de embriões, com melhor qualidade.

Sequenciamento completo do genoma embrionário: embora o Diagnóstico Genético Pré-implantacional possa ser realizado para qualquer doença genética conhecida, muitas mutações são geradas na linhagem germinativa (óvulos e espermatozoides), não sendo detectáveis no sangue dos pais. A única forma de detectar mutações é sequenciar todo o genoma do embrião, o que pela primeira vez pode ser feito, detectando ao mesmo tempo qualquer mutação de novo ou herdada que o embrião possa transportar.

Transferência visual de embriões. Cerca de 10-15% das transferências de embriões são muito difíceis de realizar por ultrassom. Com a transferência visual de embriões, o médico pode ver exatamente onde deixar o embrião, graças a uma pequena câmera na frente do cateter de transferência.

Monitoramento remoto de pacientes. Os pacientes agora podem ser monitorados com ultrassom e níveis hormonais sem sair de casa. Ultrassonografias portáteis e exames domiciliares combinados com um aplicativo para automatizar o atendimento, permitem que os médicos façam muito mais ciclos e os pacientes só precisam ir à clínica para retirada e transferência.

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